Falta de recursos pode acarretar no fim do Sistema Financeiro da Habitação

O aumento no custo do financiamento imobiliário deve contribuir ainda mais para a queda no preço dos imóveis. Em 2015, o valor de mercado de tais bens, descontada a inflação do período, que ficou acima dos 10%, sofreu queda de 8,71%, segundo o índice FipeZap.

Em 2016, a previsão é de que o preço dos imóveis continue diminuindo, conforme o consultor jurídico da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH), Ricardo Chiaraba. Mas isso não significa mais facilidade para comprar um imóvel, com explica o advogado. “A falta de liquidez e a diminuição de preço dos imóveis são consequências da redução da renda dos brasileiros, da crise econômica e do aumento do custo dos financiamentos”, aponta.

Segundo pesquisa do Canal do Crédito, com o crédito imobiliário mais caro e restrito, o valor máximo do imóvel que pode ser financiado de acordo com a renda foi reduzido de 2% a 5% nos últimos oito meses. Conforme o estudo, quem tem uma renda familiar mensal de R$ 6 mil, por exemplo, atualmente consegue obter crédito para comprar um imóvel de até R$ 175 mil. Em maio de 2015, famílias com o mesma rendimento conseguiam até R$ 185 mil para financiar a compra do imóvel, valor 5% maior.

De acordo com Delfino, atualmente os recursos disponibilizados pelas cadernetas de poupança (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo – SBPE) e pelo Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), principais fontes dos financiamentos imobiliários no país, tiveram queda significativa. “Com relação ao FGTS, a Caixa suspendeu, desde a semana passada, os financiamentos da linha denominada ‘Pró-cotista’, que possui as menores taxas de juros do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), excetuando as linhas do programa Minha Casa Minha Vida”, informa.

Para piorar, o Ministério da Fazendo autorizou a utilização do FGTS para garantia de pagamento dos empréstimos consignados, o que pode minguar ainda mais os recursos destinados à habitação, como acrescenta o consultor jurídico da ABMH, que ainda faz um alerta. “Se nenhuma medida for tomada, e considerando o ritmo da queda dos recursos disponíveis, o SFH, que financia imóveis de até R$ 750 mil e tem taxas de juros de até 12% ao ano mais TR, pode acabar nos próximos anos, ficando restrito aos contratos de financiamento já assinados”, adverte Ricardo Chiaraba.

Veja na tabela a seguir o valor máximo que pode ser financiado na compra do imóvel por famílias em dez faixas de renda.

tabelaMaccp
Fonte: Canal do Crédito